São Gabriel da Cachoeira: onde nascem os rios e as culturas

São Gabriel da Cachoeira é um dos territórios mais ricos em diversidade cultural e natural da Amazônia brasileira. Localizado no noroeste do Amazonas, às margens do Rio Negro, o município abriga uma das maiores populações indígenas do Brasil, com mais de 20 povos e 23 línguas reconhecidas oficialmente. É um lugar onde a floresta, os rios e as serras se encontram com as histórias, os saberes e as espiritualidades ancestrais.

Considerado a “Cabeça do Cachorro” pela geografia do mapa, São Gabriel da Cachoeira é um território de fronteira e de encontros. Sua paisagem preservada e suas comunidades tradicionais mantêm viva uma conexão profunda com a terra, a água e o céu. A região é marcada pela presença de povos como os Ye’pá Mahsã (Tukano), Baniwa, Tariano, Desana, Yanomami, entre outros, que compartilham conhecimentos, rituais e modos de vida diversos.

Além de sua importância cultural, São Gabriel da Cachoeira é um exemplo de convivência entre diferentes etnias e de resistência diante dos desafios históricos e sociais. O município se destaca pela valorização da educação bilíngue, pela defesa dos direitos territoriais e pela preservação ambiental, tornando-se referência em iniciativas que unem tradição e inovação.

É neste cenário que a Casa Uhtã Bo’ó Wi’í e o Instituto encontram seu sentido de atuação: fortalecer a cultura, a autonomia e a proteção dos povos indígenas que há milênios habitam e cuidam dessa terra. São Gabriel da Cachoeira é mais que um lugar; é uma fonte viva de saberes, encontros e esperanças.

Os desafios de um território ancestral

A partir da Uhtã Bo’ó Wi’í, nasceu o Instituto que leva o mesmo nome e amplia a missão de fortalecer os povos indígenas do Alto Rio Negro. O Instituto organiza e potencializa as ações que brotaram da Casa, conectando saberes ancestrais, proteção territorial e desenvolvimento sustentável de forma integrada e contínua.

Com base nas práticas vividas na Casa, o Instituto atua em diversas frentes: promove a cultura, a arte e a educação diferenciada; incentiva atividades de geração de renda, agroecologia e conservação ambiental; defende os direitos dos povos indígenas, protege a biodiversidade e articula ações políticas e jurídicas. Também apoia a preservação de línguas, saberes espirituais, patrimônios culturais e naturais, além de incentivar o turismo étnico, o voluntariado e a produção artesanal.

O Instituto constrói parcerias com comunidades, órgãos públicos, organizações nacionais e internacionais, sempre promovendo o intercâmbio cultural e o diálogo entre tradições e inovações. Com atividades de formação, assessoria, pesquisa e produção cultural, cria oportunidades para que as comunidades indígenas fortaleçam sua autonomia e ampliem a proteção de seus territórios.

A Ʉhtã Bo’ó Wi’í, hoje também como Instituto, se consolida como uma plataforma que integra memória, educação e autonomia. Seu propósito é garantir que os saberes, direitos e modos de vida dos povos do Alto Rio Negro permaneçam vivos, respeitados e fortalecidos — agora e para as próximas gerações.

São Gabriel da Cachoeira faz parte de uma história maior: a do Rio Negro.